-
Descontrole das contas do governo, ajustes não devem ocorrer neste ano, segundo economistas
-
Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, diz que só deve ocorrer um ajuste fiscal mais significativo em 2025
- Por Camilla Ribeiro
- 03/11/2024 10h23 - Atualizado há 1 mês
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na última semana, que acontece uma “forçação boba” para que o governo apresente ao Congresso um conjunto de medidas para corte de gastos.
Parte do mercado tem questionado a conduta do atual ministro.Segundo o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, Haddad foi hábil em realizar a aprovação da reforma tributária e alguns ajustes na arrecadação, mas o grande ajuste que ainda falta é nos gastos.
De acordo com o economista, mesmo que Haddad sinalize querer lidar com o ajuste dos gastos, existe uma resistência por parte do governo.
“Já se vão dois anos, é difícil imaginar que um grande ajuste fiscal vai acontecer ainda. Vai ser algum paliativo de corte de gastos para 2025, talvez na casa de R$ 50 bilhões, que levaria o déficit para 0,25% do PIB.”
Vale ressaltou ainda que, sob estas condições, só deve ocorrer um ajuste fiscal mais significativo em 2025.
“Até 2026 devemos ter uma alta de 12 pontos percentuais na dívida pública bruta. Sem nenhum cenário de crise, isso não se justifica”, apontou.
De acordo com Daiane Gubert, head de assessoria de investimentos da Melver, a situação atual também não está nada favorável para a economia brasileira.
“Existem sinais claros de descontrole fiscal e a consequência já é totalmente percebida. Ela é ditada pelo mercado com títulos da dívida pública rondando os 13% e inflação a cerca de 7%”.
Segundo Gubert, as medidas atuais, devem ter impacto generalizado. “O risco, o dólar e a inflação sobem. E, com isso, esse círculo vicioso deprime a economia brasileira”, avalia.